Será curta a lua de mel da comunidade empresarial brasileira com o presidente eleito Jair Bolsonaro, pressionado a entregar as promessas de campanha de domar a burocracia do país e zerar o enorme déficit público.
Bolsonaro toma posse na terça-feira, e empresários e banqueiros afirmam que estão observando Bolsonaro e seu time econômico com impaciência, buscando sinais de que ele cumprirá a prometida revisão.
Os maiores desafios - reformas fiscal e da previdência - não podem ser endereçados até o Congresso retornar, em fevereiro.
Mas o time de Bolsonaro precisa agressivamente preparar o terreno agora para essas reformas, antes mesmo de os legisladores voltarem do recesso, dizem líderes empresariais.
“Sinalizaria uma aprovação mais rápida se Bolsonaro e sua equipe se comprometessem a alterar o projeto de reforma da previdência que está no Congresso há alguns meses”, disse Ricardo Lacerda, fundador e sócio do banco de investimentos BR Partners.
Alterar a lei corrente em vez de propor uma nova versão aumentaria as chances de aprovação no primeiro semestre de 2018, disse Lacerda, acrescentando que a bomba-relógio da previdência é a reforma mais urgente que precisa ser tratada pela equipe de Bolsonaro para interromper o crescimento do déficit de 130 bilhões de reais.
Bolsonaro também prometeu, durante sua campanha, atacar a corrupção endêmica do meio político, em parte encerrando o “toma lá, dá cá” com legisladores dos 30 partidos do Congresso para conseguir aprovar as suas leis.
Quando os legisladores retornarem, ele terá que mostrar que descobriu uma maneira de trabalhar com eles para aprovar as reformas. Não está claro como o time de Bolsonaro fará isso.
O novo governo também precisará se provar habilidoso ao lidar com o judiciário, se quiser ter sucesso no plano de passar adiante ativos do governo.
“Negociações com o Supremo são importantes para acelerar o ritmo das privatizações”, disse Samuel Oliveira, sócio do banco de investimentos North Stone.
Por exemplo, os ministros do Supremo, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio Mello, aprovaram injunções separadas bloqueando o programa de vendas da Petrobras. A venda de outros ativos dependerá de como Bolsonaro resolverá as tensões com sua própria equipe.
O ministro da Economia é a favor de vender todas as empresas estatais.
Mas terá que competir com as visões nacionalistas de vários ministros de Bolsonaro, que são antigos militares de alta patente. Eles consideram que muitas empresas estatais, como a elétrica Eletrobras, como ativos estratégicos que não devem ser leiloados.
O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, prevê a venda de até 300 bilhões de reais por ano em ativos estatais.
Banqueiros de elite esperam a cifra mais conservadora de 50 bilhões de reais por ano, se o governo Bolsonaro conseguir reverter as ordens do Supremo.
FONTE: Agência Reuters