BRASÍLIA / RIO DE JANEIRO, 19 de junho (Reuters) - Milhares saíram às ruas de todo o Brasil no sábado para protestar contra a resposta pandêmica do presidente Jair Bolsonaro, criticando o líder por não ter vacinado com rapidez suficiente e por questionar a necessidade do uso de máscara.
O Brasil ultrapassou 500 mil mortes por COVID-19 no sábado, de acordo com o Ministério da Saúde, o maior número de mortes no mundo depois dos Estados Unidos.
O governo enfrenta fortes críticas por perder as primeiras oportunidades de comprar vacinas. A farmacêutica Pfizer disse que não obteve resposta a ofertas de venda de vacinas ao governo entre agosto e novembro do ano passado.
“Estamos protestando contra o governo genocida de Bolsonaro, que não comprou vacinas e não fez nada para cuidar de sua população no ano passado”, disse Aline Rabelo, 36, durante um protesto no shopping nacional de Brasília.
A assessoria de imprensa do Bolsonaro não respondeu ao pedido de comentários. Apenas 11% dos brasileiros estão totalmente vacinados e 29% receberam a primeira dose, mostram dados do Ministério da Saúde.
A mídia brasileira noticiou que protestos ocorreram em todos os 26 estados, bem como na capital Brasília.
Muitos manifestantes chamaram os 500.000 mortos de uma forma de genocídio perpetrado pelo governo contra o povo brasileiro. Eles cantaram, tocaram tambores e ergueram cartazes exigindo que Bolsonaro fosse afastado do cargo.
"Meio milhão de razões para derrubar Bolsonaro", dizia a placa de um manifestante no centro de São Paulo.
Embora os organizadores tenham prometido as maiores manifestações até então em mais de 300 cidades, os encontros no Rio de Janeiro e em Brasília na manhã de sábado não pareceram ser maiores do que os últimos grandes protestos em 29 de maio.
Protestos em São Paulo, a maior cidade e centro financeiro do Brasil, bloquearam as principais vias do centro, onde os manifestantes desfraldaram uma faixa do tamanho de um quarteirão exigindo "Vida, Pão, Vacinas e Educação". Não ficou claro como a multidão comparou ao protesto de 29 de maio lá.
Um comitê especial do Senado está investigando a resposta à pandemia do governo Bolsonaro, destacando os esforços atrasados para adquirir vacinas e priorizando tratamentos não comprovados para COVID-19.
No mês passado, uma pesquisa mostrou que a popularidade de Bolsonaro caiu para novas mínimas, com apenas 24% dos brasileiros dizendo que sua administração é "boa" ou "ótima". A mesma pesquisa mostrou que o rival de esquerda de Bolsonaro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, venceria no segundo turno se as eleições de 2022 fossem realizadas hoje.
FONTE :Agência Reuters